Estou vendo as notícias dos professores na assembléia legislativa de Santa Catarina e dos alunos protestando a falta de aulas. Vejo nisso uma grande incoerência: 1) incoerência da parte dos alunos. Eles estão querendo o retorno às aulas. Vamos falar a verdade pessoal, se isso está acontecendo é porque tem alguém jogando estes alunos contra os professores; 2) os professores na assembléia legislativa. Nunca vão reconhecer a educação neste país!
É bem nítida a forma de se trabalhar. Em uma notícia do UOL Educação do dia de 13 de julho (Um em cada cinco estudantes do ensino fundamental está atrasado na escola) mostra a fala da Senhora Ministra da Educação Básica Pilar Lacerda dizendo que é necessário corrigir o fluxo e o aprendizado das crianças.
Estão preparando um projeto cujo intuito é pegar a galera que está com idade errada no Ensino Fundamental, fazer um “curso especial” de um ano e jogar todo mundo no Ensino Médio.
Fantástica a ideia, não? Bom, então vamos pensar, algo que não se faz mais neste país, ou melhor, nunca se fez ou talvez poucos fizeram e fazem, pois as pessoas simplesmente vêem tudo na TV ou nem noticiários da mídia eletrônica e pronto. Alguns chegam até a comentar sobre o assunto, mas pensar, bom isso já não somos educados a fazer.
Vamos colocar toda esta galera no Ensino Médio e aí, o que fazer? Simples, não se reprova novamente e o pessoal sai numa boa. Gente é simples o porquê o salário de professor é baixo, não é para ensinar de verdade. Não se pode falar para o aluno que ele tem que estudar em casa. Façam coisas simples, ou melhor, diferenciada!
Esta é a nova coqueluche do momento: DIFERENCIADA!
É mais ou menos o seguinte: o professor tem que mostrar a maravilha do mundo para o seu aluno. Aí ele não consegue, pois o professor tem que concorrer somente com o resto do mundo. Vamos a alguns exemplos: 1) jogadores de futebol que ganham milhões e mal sabem ler recebem prêmio da academia brasileira de letras; 2) deputados que possuem uma verba absurda de gabinete e salários se corrompem por tudo e ainda reclamam que ganham mal; 3) garotos que ganham mais que trabalhadores para serem “aviõezinhos” no tráfico; 4) Imbecilidades de todos os tipos que rendem milhões por ano.
Para que estudar? Para que ficar horas e horas queimando o cérebro e ainda depois se tornar empregado de alguém que é uma ameba?
Utilizando do clichê “A educação nunca foi prioridade neste país” isso não é novidade para ninguém. Desde épocas de colônia a escola já foi formada para uma minoria que sempre dominou seja financeira ou intelectualmente.
A briga por melhores salários é antiga. Eu me lembro da minha primeira greve, eu estava na antiga quinta série. E os professores conseguiram o quê? Somente mais problemas, mais estresses.
Certa vez li rapidamente uma página de um livro de uma colega, me esqueci o nome do autor, é verdade. Dizia mais ou menos assim: “Os ricos levam seus filhos para estudar fora e retornam dando ordens para aqueles que são educados em frente aos televisores e são educados a trabalhar e a consumir e fazer com que a maioria trabalhe para aqueles que foram estudar fora e continuar dando ordem à classe média”
Infelizmente tenho que dar o braço a torcer para este autor. Trabalhei no ensino público do estado de São Paulo por dois anos e meio. O que mais vi foram professores cansados de serem fantoches de um sistema impositivo. Professores que foram tão domados e tão destruídos que perderam o brilho pela educação. Estes professores já tinham 20, 25 30 ou mais anos de carreira.
Mas sabe o que mais me assuntou? Foi ver a minha geração chegando agora já sem gás. Conformados com tudo. Nestes dois anos meio vi colegas deixando as aulas. Mas se alguém estiver pensando: “mas é o ensino público”
Então vamos para o particular: não muda muita coisa. Poucos se formam para serem professores. Quem quer ser de uma classe que ninguém mais reconhece, que a família jogou todas as responsabilidades nas costas de um único ser? Em geral o que se faz é deixar os clientes felizes de todas as formas, sem muitas vezes mostrar qual o real valor da educação para seus filhos.
Pois é, é triste. O que fazer? Também não sei, mas sei que a única coisa que não podemos fazer é nos calarmos e principalmente não pensarmos.