
Férias é bom até um certo momento. O momento de rever os amigos. Baladas. Fuás. Mas depois que tudo isso acaba e para você as férias continua, a monotonia toma conta. Não existe internet, notícias, passeios, nada. Você apenas quer que as férias termine...
Bom, mas enquanto isso não chega vamos às tivialidades da vida: O metrô de São Paulo. Sabe-se que tem vítimas, mas as buscas pararam, pois há mais riscos de desabamentos. Logo, a pergunta surge: no projeto da estação não se sabia que aquele terreno era perigoso e teria que haver um projeto bem feito. Mas como eu disse ontem, isso pouco importa.
Entretanto, um fato que muito me chamou a atenção foram os depoimentos das pessoas que tiveram que deixar suas casas. Uma garota até disse: "E as minhas memórias? Sei que é pouco importante, mas é a minha vida. Minhas lembranças, fotos, computador..."
Tem uma fato muito importante acontecendo ali. As pessoas que perderam as suas casas elas não somente perderam o teto sobre suas cabeças, elas perderam marcos de recordações, de vivências. Marcos que faziam da memória de sua vida, fatos que os configuravam foram apagados. Uma senhora com mais de 90 anos não saiu da casa, pois aquela casa era a vida dela.
É muito interessante notarmos tudo isso, pois se tivéssemos destruído algum marco de memória, digamos, coletiva, sei lá, um marco na cidade, talvez não tívessemos tantas preocupações. Mas a nossa casa faz parte de nossa configuração. Perder tudo em prazo de minutos é como perder parte da sua vida. É perder a sua memória e até, talvez, a sua identidade.
Nós homens modernos sempre nos preocupamos com o progresso. Mas estamos vendo que o progresso acabou se tornando um ente com vida própria e que pouco se importa com os humanos. Não é uma questão de pagar as casas perdidas ou mesmo pagar as vidas perdidas. Pois estamos querendo ou não colocando preço na vida humana e ela o tem? Sabemos que vale muito pouco, mas muito pouco.
Bom, mas se pararmos para pensarmos friamente, o que são algumas vítimas comparadas com todas as pessoa que estão morrendo no Rio, por exemplo. Até que ponto vamos continuar. Vi no noticiário que outro ônibus foi incendiado em São Paulo, sabe, uma matéria rápida de 20 segundos no máximo. Agora com o metrô o restante da violência em São Paulo é esquecida. Pois querendo nós, ou não, uma falha como esta na engenharia de uma obra, é uma grande violência à humanidade.